O mês de outubro marca o início da campanha Outubro Rosa, voltada à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer de mama. Em 2023, o Ministério da Saúde alterou sua recomendação oficial e passou a indicar que mulheres da população em geral realizem a mamografia antes dos 40 anos sem sinais ou sintomas de câncer. Até então, a orientação era iniciar o rastreamento somente aos 50 anos, com intervalo de dois anos entre os exames.
A decisão acompanha a tendência já apontada por especialistas: o aumento de casos em mulheres mais jovens. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), para cada ano do triênio 2023-2025, o Brasil deve registrar 73.610 novos casos de câncer de mama, com uma taxa de incidência estimada em 41,89 casos por 100 mil mulheres. O tumor segue como o mais frequente entre mulheres no país, excluindo os de pele não melanoma.
Mato Grosso: queda nos exames
Em Mato Grosso, os desafios se somam ao cenário nacional. Entre janeiro e julho de 2024, foram realizadas 18.064 mamografias pelo SUS, contra 22.878 no mesmo período de 2023 — uma queda de 21%. Os números preocupam porque reduzem as chances de diagnóstico precoce. Além disso, estimativas do INCA apontam que até 2025 o estado terá cerca de 26 mil novos casos de câncer, sendo o de mama o mais incidente entre as mulheres, respondendo por 55,40% dos diagnósticos femininos.
Para a médica mastologista Fabiana Muniz, a atualização da diretriz ministerial é positiva, mas tardia. “A Sociedade Brasileira de Mastologia recomenda há pelo menos 20 anos que a mamografia seja realizada a partir dos 40 anos em mulheres da população em geral, mas o Ministério da Saúde só agora passou a adotar essa diretriz. Isso mostra o quanto estamos atrasados. Hoje já vemos um aumento preocupante de casos em mulheres próximas dos 40 anos, quando antes a faixa etária mais afetada era de 55 a 60 anos. O que o Ministério Público apresenta como novidade de acesso da mamografia agora as mulheres de 40 anos já deveria ser rotina há muito tempo.”
Ela acrescenta que a mudança precisa vir acompanhada de estrutura: “a prevenção não funciona por conta própria. É preciso acesso ao diagnóstico rápido e políticas públicas que cheguem também às regiões mais remotas”.
O desafio do diagnóstico precoce
A detecção precoce do câncer de mama é considerada fundamental para o sucesso do tratamento. Estudos apontam que, quando identificada em estágio inicial, a doença tem até 95% de chance de cura. No entanto, o acesso desigual aos serviços de saúde continua sendo um obstáculo.
O Novembro Rosa, mais uma vez, reforça a necessidade de ampliar políticas efetivas, garantir exames regulares e levar atendimento para todas as regiões do país.