Na noite de 31 de outubro de 2025, a Arena Pantanal se transformou em templo do rock. Sob o céu quente de Cuiabá, o Guns N’ Roses subiu ao palco e, com ele, uma parte da história da música mundial entrou definitivamente na paisagem sonora do Centro-Oeste brasileiro.
No histórico show da banda na capital mato-grossense bastaram os primeiros acordes para que o estádio se convertesse em um mar de vozes, memórias e emoção. Canções como Welcome to the Jungle, Sweet Child O’ Mine e November Rain ecoaram sob o vento quente da planície cuiabana, um contraste belo e improvável entre o deserto californiano e o cerrado pantaneiro.
Antes, quem preparou o terreno para essa noite histórica foi a banda Raimundos, ícone do rock brasileiro dos anos 1990. A abertura do show foi uma verdadeira explosão de energia e identidade nacional, com clássicos como Mulher de Fases e Eu Quero Ver o Oco levando o público ao delírio. Com seu som irreverente, potente e cheio de atitude, os Raimundos mostraram que também têm história e que o rock feito no Brasil segue vivo, vibrante e amado. A performance da banda agradou profundamente ao público cuiabano, que respondeu com coros, aplausos e uma nostalgia alegre que preparou o coração da Arena para o que viria a seguir.
E então, sob aplausos e gritos de euforia, o Guns N’ Roses tomou o palco. Se Axl Rose conduziu o público com sua presença magnética, Slash transformou a noite em eternidade. Sua atuação impecável e inenarrável, como de costume, trouxe solos que pareciam atravessar o tempo. Cada riff, cada solo, os timbres, bends, cada nota sustentada no ar era como uma lembrança viva da essência do rock. O som de sua guitarra rasgou o céu cuiabano e, por instantes, fez da Arena Pantanal um altar. O público, em êxtase, sabia: aquilo era inesquecível e eterno.
Mais que um concerto, o evento foi uma celebração do tempo. Três gerações de fãs se encontraram na arquibancada, nos camarotes e no gramado, cantando juntas uma trilha sonora que atravessou décadas. O que para uns foi lembrança da juventude, para outros se tornou rito de passagem. A cada refrão, a Arena vibrava como se pulsasse o próprio coração da cidade.
Trazer o Guns N’ Roses para Cuiabá não foi apenas um feito logístico. Foi um gesto simbólico que mostrou a força cultural de uma cidade capaz de reunir milhares de pessoas em torno da arte, da música e da energia que só um grande espetáculo é capaz de gerar.
Parabéns à organização, aos apoiadores e, em especial, ao público que lotou a Arena Pantanal. Com respeito, entusiasmo e emoção, Cuiabá celebrou uma das maiores linguagens musicais da história, prestou homenagem a uma das maiores bandas do mundo e mostrou ao planeta que o coração verde da América do Sul pulsa forte, vibrante e musical.
E quando Axl Rose, com a voz firme e o olhar incendiado, agradeceu ao público através das canções, a Arena respondeu em uníssono. A reverberação desse agradecimento pareceu atravessar a noite, misturando-se ao som das guitarras e ao coro dos fãs, como se o tempo parasse por um instante para ouvir.
Naquela noite, o rock não foi apenas som. Foi memória, encontro e emoção compartilhada. Foi o instante em que o mundo coube inteiro dentro de um estádio iluminado.
E quando as luzes começaram a se apagar e a multidão começou a se dispersar, a caminho do carro percebi que algo permanecia no ar: a certeza de que há shows que não terminam quando o som silencia, porque continuam tocando dentro da gente, como comigo agora, enquanto escrevo e ainda ouço o timbre daquela noite.